O diálogo tem que ser uma aproximação “desarmada de qualquer preconceito ou atitude de ostentação”. “Ninguém pode, querendo dialogar, estabelecer uma relação definindo normas aos outros.” Os sujeitos se reconhecem e se humanizam a partir de e no diálogo. Ele exige um desarmamento para que juntos, os indivíduos, possam chegar a aproximações. Freire mostra a possibilidade da abertura e da liberdade em que a discussão permite que no final você se predisponha a estar diferente do momento em que começou.
O diálogo, em Freire, é o encontro dos homens, mediatizados pelo mundo. Estes, ao pronunciá-lo, não se esgotam na relação eu-tu, pois também a palavra que pronunciam não se esgota como algo instrumental, como “reduzido meio” a serviço da comunicação.
O diálogo não necessariamente conduz à síntese. É uma rede de interações que leva à intersubjetividade e constitui subjetividades.
Dialética e diálogo. O diálogo faz como provocação a expressão da fala e da significação do mundo. Numa relação dialógica existe um outro que me liga com o mundo, resultando em interação. O que diferencia a cada relação intersubjetiva é o “eu” e o mundo, que pode diferenciar no significado que o “eu” lhe atribui e nas ações que realiza sobre os processos sociais. O mundo passa a ser um objeto comum de fala. Neste diálogo - bater e não bater - acontecem contradições.
No processo de aprendizagem, antes da leitura e da escrita, o mundo. Antes de aprender a escrever e ler a palavra, é fundamental ler o mundo. O diálogo num processo de instrumentação de uma prática teórica não precisa se fechar em sínteses. Produzirá sínteses provisórias, movimentos que levam a construções e reconstruções.
Aprendemos com Paulo Freire que por meio do diálogo, há possibilidade de se abrir com o outro, de estar com o outro e aprender desse jeito.
* Este texto é o resultado da sistematização do encontro realizado no dia 13/03/2008 por ocasião do Pré Fórum Regional Paulo Freire.
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